BARAÇAL DO CÔA - A FESTA DO PADROEIRO
Cada terra do mundo inteiro
Tem seus usos e tradições
E tem sempre um padroeiro
Com romarias e devoções.
Não há povo que não s´ esmere
Em mostrar aquilo que vale
Qualquer festa lhe confere
Ter brio de igual por igual.
A homenagem ao Padroeiro
Em qualquer vila ou aldeia
É sempre o toque derradeiro
De um contágio em cadeia.
Missa de festa e sermões,
Fanfarras e grupos corais,
Concorridas procissões
E outros eventos que tais.
Não faltam as alvoradas
Pra todo o povo alertar
E às vezes há desgarradas
Com copos a escorregar.
Há bailes e há cantorias,
E há bandas ao desafio,
Concertinas e harmonias,
Cada coisa num corrupio.
Seja um recinto ou um campo
Haja palco ou terra batida
Há dançares de encanto
E toda a gente divertida.
É assim Baraçal do Côa,
Em três dias de diversão
Gente animada, gente boa,
Em honra de S. Sebastião.
É justa esta homenagem,
Mesmo em tempo de frechadas,
Que a Fé não sofre dosagem
Nem abranda as caminhadas.
Se há martírios com memória
Que se devem relembrar
O de S. Sebastião na história
Compete-nos destacar.
Malgrado a tiranização
O Império não desabou
Continua ainda a repressão
De quem o poder ocupou.
Do Mártir, a sua atitude
Deixou as marcas singelas
Como espelho de virtude
Que faremos das sequelas?
Retiremos as ilações
Que nos forem pertinentes
Com coragem nos corações
Sejamos mais resistentes.
Mordomos com grande engenho
Fazem da Festa bandeira,
E a Junta, com o seu empenho,
Partilha de boa maneira.
O povo, feliz e contente,
Com os filhos da terra e de fora,
Revive no tempo presente
As boas memórias d´ outrora.
Todo este evento desfruta,
Em animada convivência,
Sardinhas, febras e fruta,
E bebidas de excelência.
O ambiente com bons ares,
Em corpo são e alma sã,
Encerra cantos e bailares
Noite dentro até de manhã.
De parabéns os mentores
Pela Festa que pensaram,
De parabéns os fazedores
P´ lo sucesso que obtiveram.
Baraçal do Côa não pára,
Para o ano haverá mais,
Terra-do-fim mas jóia rara
Sonho e alma de cristais!
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA