BERIMBAU
POESIA
Autor: Floriano Silva
Suavemente tencionado,
Um fio de aço.
Outrora solitário,
Fora seduzido por ela,
Que é nó, é madeira.
Enverga, mas não quebra.
Olhar atento,
Guiado pelos pensamentos.
O negro,
Pôs a mão no queixo,
Parado por um longo tempo pensou.
Eita nós, mente criativa.
Mãos habilidosas que esculpem e forjam,
Muitos subestimam tal capacidade.
E olha que não usamos dez por cento!
É muita sagacidade.
Diferenciada entre toda bicharada,
Ele é único.
Com um cérebro privilegiado,
Embarcou numa jornada,
Vendo o fio solitário,
Juntou o aço e a madeira,
Amarrando junto a ela, uma cabaça.
Está feito!
Pegou uma vareta, uma pedra
E entre os dedos um caxixi.
No aço o homem tocou,
O som produziu ondas.
Olha só o que sucedeu.
O elemento que estava no canto levantou,
Pois a gingar no toque do Dim, Dim, Dom,
Dançou,
Sim, parecia uma louvação.
Armada, meia lua e queixada.
A ginga é um bailado.
Sem parar para pensar,
Que o feito fora de uma tremenda sensibilidade,
Criara ele o homem,
“O berimbau”.
Hoje nas brincadeiras,
Nas rodas de capoeira,
É ele quem dá o tom.
Angola, são bento grande,
Na ginga toda magia,
Europa, França,
E Bahia!
Curvaram-se, quem diria.
Ganhou mundo minha capoeira,
Hoje eu paro e agradeço,
Ao homem e seu apreço,
Amante da natureza,
Recicla sem desperdiçar,
Um fio de aço,
Uma cabaça que fala e um pedaço de pau
Berimbau
Dim, dim, dom
Dim, dim, dom
Berimbau.
Ginga Hulk, mestre Boneco,
Mestre Zelão, um poeta em sua arte.
Salve os mestres que aqui jas,
Bimba, Nacional,
Salve Pastinha!
Fizeram a sua história,
Está guardado na memória.
O feito de um capoeira,
Que durante sua vida inteira,
Ao som de um fio de aço
Uma cabaça que fala
E um pedaço de pau
Na roda de capoeira reinou,
Reina!
Com seu instrumento,
Berimbau.
Dim, dim, dom
Dim, dim, dom
Berimbau.