Ode ao sexo fragil(izado)

Ela estava livre, um tanto quanto solta

Pensamentos existiam, mas ela estava aliviada

Não tinha crianças, nada de marido ao lado,

Era ela, o quarto, a casa, o deleite, o dia da caça

Tentou ir a banheira, acordar tarde, comer doces pela manhã

Aproveitou para mostrar ao mundo o porquê de não vir ao mundo

Hoje ela não é mãe, nem esposa, nem burguesa,

Ela é Helenas, Macabéas, Terezas

Dormiu leve pela noite, esperando que algo a levasse a desistir

Rezou, beijou o marido, os filhos, se benzeu e seguiu

Despiu-se, despediu-se de Deus e como os filhos seus, dormiu

Como quem não tinha problemas e como quem não é mulher roncou

E pela madrugada a mente atordoada perdida em algum lugar decidiu levantar,

Bebeu água, travou problemas e resolveu-os antes mesmo da privada relinchar

Acordava leve a mulher, sim,

Mulher pergunta, mulher responta, mulher problema, mulher solução

Mais uma vez levantava, vigiava as crianças, beijava o cachorro, alisava o marido

Era tão natural a sequencia lógica de uma profissão de fé,

Parabéns, mulher!

Amanhã não iria ter flores, amores, odores,

Tudo ia ser esdrúxulo como uma manhã sem o cheiro do café

Mas como ter expresso, se o que não tem preço é o amor de uma mulher?

E mal o galo cantou, o marido despertou, as crianças lavaram o rosto

Lá estava ela, olhando pela janela,

O movimento, o momento, maquinando o dia a dia de todos

Gabriel Amorim http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/

Gabriel Melo Amorim
Enviado por Gabriel Melo Amorim em 20/10/2013
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