Ode ao sexo fragil(izado)
Ela estava livre, um tanto quanto solta
Pensamentos existiam, mas ela estava aliviada
Não tinha crianças, nada de marido ao lado,
Era ela, o quarto, a casa, o deleite, o dia da caça
Tentou ir a banheira, acordar tarde, comer doces pela manhã
Aproveitou para mostrar ao mundo o porquê de não vir ao mundo
Hoje ela não é mãe, nem esposa, nem burguesa,
Ela é Helenas, Macabéas, Terezas
Dormiu leve pela noite, esperando que algo a levasse a desistir
Rezou, beijou o marido, os filhos, se benzeu e seguiu
Despiu-se, despediu-se de Deus e como os filhos seus, dormiu
Como quem não tinha problemas e como quem não é mulher roncou
E pela madrugada a mente atordoada perdida em algum lugar decidiu levantar,
Bebeu água, travou problemas e resolveu-os antes mesmo da privada relinchar
Acordava leve a mulher, sim,
Mulher pergunta, mulher responta, mulher problema, mulher solução
Mais uma vez levantava, vigiava as crianças, beijava o cachorro, alisava o marido
Era tão natural a sequencia lógica de uma profissão de fé,
Parabéns, mulher!
Amanhã não iria ter flores, amores, odores,
Tudo ia ser esdrúxulo como uma manhã sem o cheiro do café
Mas como ter expresso, se o que não tem preço é o amor de uma mulher?
E mal o galo cantou, o marido despertou, as crianças lavaram o rosto
Lá estava ela, olhando pela janela,
O movimento, o momento, maquinando o dia a dia de todos
Gabriel Amorim http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/