A GRANDE DESCOBERTA
A GRANDE DESCOBERTA
Quinhentos anos...
Brasil, te amamos!
Mas nem parece,
porque roubamos e assaltamos,
porque estorquimos e corrompemos,
porque matamos.
Mas somos os filhos amados da pátria amada, mãe-gentil.
Te amamos, Brasil!
Pátria amada, idolatrada, salve, salve!
Salve a mata, desmatada, espoliada!
A pátria que se salve, desgovernada!
Pátria dos generais, federais, militantes, traficantes
e dos amores românticos como Ceci por Peri.
Brasil, no berço e esplêndido!
Gigante da carta de Pero Vaz!
Comemoramos, na praça de eventos,
o teu descobrimento!
Quinhentos anos...
Das mil ideias majoritárias no Parlamento,
de ideais, escravidão, muitas lutas inglórias
das minorias revolucionárias
que escrevem a tua história, andando na contra-mão,
tentando dar outro rumo à tão sofrida nação.
Mas somos todos brasileiros! Amamos o Brasil!
E idolatramos o rei!
O rei e o reinado, o banco e o banqueiro,
Idolatramos o dinheiro!
Ele, sim, é o nosso índio, a nossa glória...
Em todo tempo da história rendemos cultos a ele.
Romarias, procissões, missas,
candomblés, religiões e muitos templos...
É o Nosso Senhor do Bom Fim, o nosso Jesus de Praga.
É a nossa grande neurose, demência,
hipnose, indecência, vício, droga!
Há quinhentos anos marchamos nessa cadência
debaixo do céu de anil.
Há longos quinhentos anos sobre a terra varonil,
respingando de vergonha as estrelas do cruzeiro,
maculando, por inteiro, as cores alvissareiras
da bandeira brasileira, renegando a mãe-gentil!
Já fazem quinhentos anos...
E nem parece que te amamos, pátria amada, Brasil!
-Oiarabit-