Cronologia do poeta
Dia trinta e um de março de Um Mil, Novecentos e Cinqüenta
Um poeta nascera, levantou as sobrancelhas e vira um raio de luz,
Que até hoje o conduz, ilumina sua vida de esperança e amor.
E mostram-lhe caminhos por onde deve, sem medo, seguir.
Sob a aragem da ilusão, sem ferir o coração, viaja em terras estranhas
E sem artimanhas conjuga o verbo em seu tempo, usa o substantivo,
E os sinônimos mais ativos para desvendar sentimentos alheios.
Vai fundo nas palavras, que sem receios, descrevem o mundo dos homens
Cria nomes e codinomes nos marcos desconhecidos, dizendo avante a vida
Na perfídia da ilusão, sentindo a verdade do amor no fundo do coração.
Cinqüenta e sete anos de estrada, cinqüenta e sete janeiros nas costas
Não importa a cronologia, que a cada dia fecha a porta à juventude
Nem as flores mortas que o chão sujam enquanto o tempo não as desfaz
Cinqüenta e sete anos de quem quando criança não ganhou um beijo
Cinqüenta e sete Trinta e Um de Março, que se fez à busca do amor;
Cinqüenta e sete velinhas que depois dum lampejo restou só a fumaça.