MULHERES...
Passa a noite e vem o dia
e continua tão quieta.
Por fora: comportamento,
por dentro: alucinação;
por fora: água parada;
por dentro: um turbilhão.
Se briga, se grita, se clama,
é somente em seu coração.
Não sei o que a levou
a ficar quieta e calada,
essa mulher mal amada.
Não sei qual foi o momento
que a tornou tão parada.
Mas sei o que deve fazer
pra sair da letargia.
Não seja essa senhora quieta
que assiste a vida passar;
sê vulcão, sê lava acesa,
sê grito na escuridão.
Sê corpo rolando na cama,
sê uma floresta em chama,
sê raiva, revolução.
Não seja conformada mulher
que tudo escuta e não diz nada.
Não seja freio, sê arranque;
não reduza, acelere.
Não seja o “não sei”, seja o “quero”.
Não seja defesa, sê luta;
não seja paz, sê ataque.
Acorda, revive, desperta,
mulher de tantas idades!
É nosso esse mundo insano,
É nossa essa sociedade!
RACHEL DOS SANTOS DIAS