SESSENTA E POUCOS...
SESSENTA E POUCOS...
Sessenta e poucos fevereiros
ainda serpenteiam, entrelaçam,
repicam nas luzes da existência,
... refletem na persistência,
esparramam pelos canteiros;
Sou aquariano
liberdade sem sorte
Sentença de vida e morte;
Não garimpei nas minas
a pepita de ouro,
nem os delicados diamantes
meu menino, minhas meninas,
tesouro!
Que recebi das mãos Divina,
nada mais seria como antes;
Passei muito tempo na estrada do viver,
muito tempo exposto no temporal,
algum tempo recluso na saudade,
escola pra consciência,
mas o tempo ainda é pouco pra aprender;
Andei, desandei,
os caminhos não cortei
nada evitei
na selva de pedra ou no ermo agreste,
na andança vi a social nata
reis de coroa de lata
e a paria cafajeste;
Raros amores
talvez um ou dois
e depois,
se sorri também chorei
solitariamente as dores,
cada lágrima um verso,
um rio de poesia verteu, aflorou,
traço da autônoma rebeldia,
fina ousadia,
sessenta e poucos fevereiros de poesia!
A bem dizer
o poeta já escrevia
antes mesmo de nascer;
Fevereiro dia sete
Nada aconteceu
Mas a chuva apareceu,
O meu presente
Não se fez presente,
fecha a conta, vamos embora!
Sessenta e poucos
Quem ficou ausente...?
Andrade Jorge
poema reescrito
07/02/2013