100 ANOS DE LUIZ GONZAGA

Obs. este poema foi inspirado nesta fotografia documentada no Estádio Castelão em Fortaleza - CE

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CANTADOR DO NORDESTE,

Dois homens, duas vidas,

Dois rumos que se cruzam,

vidas vividas em profusão

um é mensageiro do amor,

o outro, mensageiro da dor...

Um despenseiro de Deus,

O outro, fiel companheiro,

Deu-se por inteiro,

A cantar de modo diferente,

Retratando a vida de sua gente...

Papa João, de todos o irmão,

Gonzagão, afeito a versos fáceis,

Registrou, na memória da nação,

As agruras do povo do sertão...

Cantante, cantador que canta

Em narrativas sutis, as buritis,

Aves de arribação, o braseiro,

A fornalha, a cangalha do jumento,

Céu azul, terra seca, o desespero,

Sem água o povo de Juazeiro,

Não aguenta, morre tudo por inteiro,

Sem memória,

Luta inglória contra situação inóspita,

A triste partida vem,

Lhe convém partir sem olhar prá traz,

A fome reclama mais alto,

Pau de arara, a coivara,

Queima tudo que lhe resta,

Porque nada daquilo presta,

Guardando no peito uma saudade danada,

De sua terra natal amada...

De resto nem é bom lembrar,

Os aboios chorosos, a morte do vaqueiro,

E tudo isto e muito mais, Luiz Lua,

A Lua de Luiz não se contradiz,

E ainda é feliz numa sala de reboco,

O xenheném de Carolina, e aquela menina?

A que deixou de lado as bonecas,

Sonhadora vive a sonhar, que em toda medicina,

Remédio não existe, diz o doutor em surdina,

Ao pai desesperado, que agora contrariado,

Sabe do mal que sofre a sua menina...

Feliz Luiz, feliz papa João,

Lá do alto, bem juntos de santo Antonio,

São Pedro e São João,

Roguem por nós, os brasileiros

E sua gente do sertão...

Carlos Lira

Rio de Janeiro,

13/12/2012