Mestiçagem de dor. (Dia da Consciência Negra)

Eis que na mistura, nasci

remexi dentro de cores

aquilo até parecia feliz

eram verdadeiramente muitas cores

todas para minha formação.

Era com imensa ansiedade

que esperava o resultado

eu sairia dali prontinho

para o mundo

e pensava no quanto podia alegrá-lo com mais uma cor, que não era qualquer uma, era a minha cor.

Ouçam os primeiros gritos

sou eu, chorando de felicidade

embora nos braços da enfermeira

já senti repulsão

devia estar escuro, eu pensava, ela não enxerga quão feliz é meu colorido.

Cresci

e todos os apelidos que imaginar

senti na pele,

deveras na pele.

Havia um problema com a minha cor.

Logo a minha cor

que parecia tão bem formada

um preto tom forte

não retirando a beleza branca

mas quando se é preto, parece que a pintura foi feita com eficiência, sem pressa, forçando um certo brilho.

Chorei pela segunda vez

e agora não é porque nasci

meu corpo preto estava repleto de manchas vermelhas

não conseguia entender

vamos respiração, seja tão forte quanto o preto da minha pele, foi inútil, ela parou.

Percorri um caminho desconhecido

embora iluminado

minha cor iluminava esse mundo

mas não servia para o que me encontrava antes

eis que alguém exprime numa certa melancolia: naquelas terras, apenas há miscigenação de dor.

E agora Drummond
Enviado por E agora Drummond em 21/11/2012
Reeditado em 21/11/2012
Código do texto: T3996837
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