HOMEM-CRIANÇA

Quando meu pai me contou
Que um dia foi criança,
Dei um sorriso maroto,
Pois não dava pra entender
Que homem já foi garoto.

Hoje, que adulto fiquei,
Vejo que não mentiu,
Pois o homem que sou agora
É, no fundo, a criança
Que no peito ainda mora.

Amanhã, também, você
Vai sentir sua saudade
Ao lembrar que foi criança,
Que o tempo nunca para,
Vai embora e a gente dança.

A criança que hoje vive
Em você que é pequeno,
É a mesma de outrora,
Só vestiu calça comprida,
Deu tchau e foi-se embora.

(NOVAIS NETO. Meu Lugar é Aqui no Centenário de Santa Maria da Vitória. Salvador: Press Color, 2009. p. 68)