Elegia a Augosto dos Anjos
(um século da primeira edição
do seu livro  EU)


Quando em suas noites nebulosas
rodopiava uma névoa acinzentada,
via a esmo a cripta desintegrada
guardando em suas teias misteriosas 
entremeio de lânguidos cansaços
dominado por devassos 
pensamentos

Onde estaria a origem
desta incandescente luta desenfreada
que em seu ideal de suprema perfeição
combatia com o desejo real da indignação
de uma alma que mantinha-se encarcerada?

Paralisado tornava-se seu corpo indefeso!

Sentindo avizinhar-se o peso da morte
uma lágrima brotava esperando aporte
Sódio, água e albumina rolava
no rosto daquele corvo, qual ave de rapina,
que se mostrava em visão alucinada

Jorram em versos os gritos do seu EU
Sombras lúridas de monstros nunca extintos

que em emboscada feriam seus instintos
negando-lhe o sonho, a calma e o himineu

da liberdade com sua frágil e sofrida alma




 
Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 10/10/2012
Reeditado em 21/11/2012
Código do texto: T3925726
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