DON’ANA
* Nadir Silveira Dias
Há um nada em quase tudo
Quase sempre em todo o tempo
Em qualquer época ou lugar
Mudando somente o matiz
A intensidade, não raro o fulgor
A macular o destino, a macular o amor.
A família soberana nem sempre acerta
Ou se arrisca, e somente petisca
E lambisca o que da sorte lhe sobra
Se lhe sobra algo de bom
Pois o normal é sorver o fel
Mal fecundo que antes semeou...
Foi assim com Don’Ana
E Gonçalves Dias também
Nutridos e correspondidos
Um pelo outro de intenso amor
Que tiveram suas vidas destruídas
Pelo insano não consentimento...
Vidas destroçadas, sim, senhor!
Pois amor é vida sempre
Em qualquer tempo ou lugar
É o ânimo, é o ar que se respira!
E se de um se tira o outro
Fenece um, fenece a outra.
Dia haverá, com certeza (!), que
Crime assim não mais ocorrerá
Por conta de novos tempos que
Hão de vir pra limpar as mentes
E saná-las do viciado preconceito
Que tanto e tanto mal já tem feito.
14.05.2012 - 12h50min
* Escritor e Poeta - nadirsdias@yahoo.com.br