Ecos da Escravidão

Já mais de um século é passado.

E das naus em que a dor navegava,

nada mais há senão o triste legado

de uma sociedade do orgulho escrava.

Em alto-mar sob o açoite covarde,

mães, filhos e irmãos inocentes

imploraram às feras brancas piedade,

entre lágrimas e gritos comoventes.

Longe dali, na terra jovem do cruzeiro,

tendo à mão a pena e à mente o coração.

ergue a sua voz o poeta condoreiro,

em defesa das vítimas da cruel ambição.

Às vozes da Àfrica junta-se novo grito.

E dos porões dos navios negreiros um alento.

São as mãos estendidas pelo Cristo

À quem todos são iguais em seu pigmento.