A Magia do Azulejo Ludovicense

Por enfeitiçantes reflexos ao rubor do sol

Que em ricos detalhes, revelam um passado de glórias

Com painéis espelhados em mosaicos

Tatuados de mágicas em cerâmicas coloridas

Revestidas com o labor de uma descendência forte

Numa temperada floresta com ventania do Norte

Através de afro-descentes e também lusitanos

Com ligação entre embarcadouros

Pelas turbulentas águas do atlântico oceano sul

No terral maranhense, aportaram “negros mina”

Trazendo porcelanas aos monumentos

E para sempre, agraciar a alma e a retina

Divisão Capitania Provincial Colônia

De João e Maria e Barros intertropicais

Salve teus índios, leões, e Sr. Daniel !

Salve também N. S. da Vitória e Nazaré !

Onde um certo Rei Luís, fundar quis

Uma França Equinocial perto da maré

Endereçados em fachadas, alpendres e sobrados

Desenhos impressionantes, esmaltados em ladrilhos

De um legado renascentista, estrelado em ruas e becos

Grafados em brasões pelo material trazido

Fragmentos empedrados contam toda história

És grandioso patrimônio mundial erigido

Fixação suntuosa na arquitetura ludovicense

Brilhantes artesanatos revestidos de alegria

Em solares imponentes e em tetos sobranceiros

Feito lapídeo em ouro nos quarteirões

Transluzente louçania agrupando pura magia

Habitando lares e inspirando poesia

Ladeiras e canções, santificados paredões

De invasores foi sobrepujante, virou sedução

Numa ilha bela por esculturas emolduradas em tela

De cada janela, uma impressionante visão

Em cada braço, em cada mão, um pelejo

Que compuseram o teu cenário em azulejo

Charme entre livres espaços: Lapa, Remédios e Saúde

Caminho Grande. Outeiro. Da Paz. Estrela e Trapiche

Cerâmica iluminando casarões na Rua do Sol

Da Palha. Giz. Hortas. Flores, Mangueiras e Craveiros

Da Palma. Deserto. Portugal. Egito. Do Cais da Sagração

Da Inveja. Do Beco Escuro, das Barrocas e do Ribeirão

São Luís de todos os Santos, azuleada desde 1612

Cidade dos Silva, dos Ribamar das Bárbara e das Catarina

Do Mocambo. Dos Afogados, dos Alagados

Da Viração. Seminário. Dos José. Desterro e da Sé

Do Passeio. Dos Prazeres. De Santana e da Prensa

Dos Gonçalves. Dos Aluízio. Dos Dias e da Fé

Por entre revoltas, resistências e vitórias

Policromia briosa entre o antigo e o novo

Revivente palco iluminado de muitas gerações

Dos brancos, negros, europeus e árabes

Agraciado com material colonial de rara beleza

Dos tempos imperiais por Cortesão, Senhores e Baronesa

Ladrilhos sobreviventes de levantes e conflitos

Na Ilha Grande dos Tupinambás, eis um Forte edificado

Movimentos de Balaios, Guaxendubas e Beckmans

Por entre tantos anônimos, morenos e “jerônimos”

Que resgataram um espaço tropical da região amazônica

Herdando aos munícipes, opulência em arte cívica

Onde o som caribenho virou nordestino

Em sensualidade suada pela balada do reggae

Com o gracejo de galantes e airosas meninas

Dispensável Atenas ou Jamaica, pois é tudo e de todos

E com a bravura auxiliar do intrépido pescador

Fez-se Capital dos azulejos, ilhada pelo amor

Feito pedra preciosa, entre enredos e folguedos

Do folclórico boi-bumbá, entre cores e tambores

Refinado detalhe da majestosa terra dos amores

Marcante emaranhado, junto arquitetônico da Nação

Memorial evocado aos “in memoriam” que fizeram história

E também aos vivos corações vívidos do Maranhão

George Lemos
Enviado por George Lemos em 10/04/2012
Reeditado em 19/08/2013
Código do texto: T3603880
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.