MORTE, SE A  PEDIRES...

Certa vez um pobre homem

De repente decidiu

Impaciente com a vida

À morte então pediu:

 

“Enxergue estas mãos funestas,

Veja estes olhos profundos,

Mire esta alma estéril,

Ó guia dos moribundos!

 

Traga o luto da tristeza

Não importa a minha sorte

Na cálida face deponha

O frio beijo da morte!”

 

A morte sombria chega

Sorrindo ao infeliz olhar

A terrífica foice prepara

O golpe final desfechar

 

Embora sua tarefa

Não seja de aconselhar

Chegando perto do homem

Ressoa sua voz ao falar:

 

“Não procure esse fim

Aprenda a vida amar

Os infortúnios se passam

Muito tendes a ganhar!”

 

O mal deve levar ao bem

Nunca antes o contrário

E quem uma vida tem

Perdê-la é temerário”

 

“Se falas dessa maneira

Desconheces meus caminhos

Com certeza tu não sabes,

São cobertos de espinhos”

 

“Bem, se sentes feliz comigo

Mais feliz sinto contigo

Pois nos páramos distantes

Terei mais um fiel amigo

 

Agora aqui ao teu lado

Imagino-te estar ciente

Espero não te arrependas

Não digas ser imprudente”

 

 “Senhor da morte espere!...

Morrendo pra onde irei?

Responda-me bem agora:

Alguma chance terei?”

 

“Um mundo além o espera

Onde o mal e o bem impera

Quanto a sorte do teu  fado

Muito pesa  o teu passado

 

 

 

Quando ouvi os teus rogos

Nada de mim exigiste

Por que agora tens medo

Dos teus clamores fugiste?”

 

O homem pensou um bocado

Mas não pensou como outrora

“Espere! Morte espere!

Eu não quero morrer agora!”