“Trinta Anos Essa Noite”

Na Bodas de Pérola

Procurou pela mulher

Aonde está a danada ?

Escondida? Aflita? Enfezada?

À espera de que um desses

Demônios venha, lhe estenda

A mão? Hoje é dia de festa

Nada de conflito não

Comprou uma pérola negra

Num anel de diamantes

Para botar em seu dedão.

O tempo para ela chama

O chamado dos genes...

Afinal, 10950 dias não passam

Tão rápido como um week-end

Num parque de diversão

Pensou com seus botões:

“Esse malte escocês, essa

Cerveja geladinha, descem pela

Língua dessas jecas pagodinhas

Até suas barriguinhas que

Crescem na contramão". Nesse

Banquete de copos o exercício

Delas é o de alongar seus corpos

Entre os lábios e a mesa farta

Dessa refeição. O cônjuge

Comemorativo, de alguma

Forma estava a sentir-se

Traído por aquele ancestral

Bêbedo que não deduzia os

Impostos do que ganhava

Com suas mulheres que

Mendigavam prazeres.

Esse o caminho da liberdade?

Perguntou com seus botões

E esse mal-estar dos diabos

Como se um demônio safo

Estivesse segurando sua mão

Garantia de que dessa forma

Pagará por esse pacto? Três

Décadas não são três dias!

O cônjuge sentiu-se como

Uma sereia que olha para o

Rabo e vê o que restou da

Avidez do ataque desse

Cardume de tubarões.

Sentiu-se um mero sapo

E olhou seu passado como

O jogador desesperado sem

Quatro ases sobrando na

Aposta dessa pôquer de

Fardos. O tempo passado

Passou. E agora seu José?

A mão na testa e em meio a

Animação dessa festa achou

Que quando casou vendeu

A alma para o diabo. Mas o

Diabo já tem tantas que dele

Apenas agora lembrou de

Cobrar essa dívida ativa. Sem

Saber que nada devia, passou

A vida pagando essa Maria

Que não tinha. Trinta anos essa

Noite, esse presente de grego

Essa pérola negra comemorativa

De uma vida encurralada entre

Tão simpáticos convivas. Essa via

De mão única nesse beco sem

Saída. Essa música, essa festa

Esse ziriguidum. Essa estrada

Essa comemoração santificada

Que levou a esse lugar nenhum.