Carta ao meu amor I - Quatorze de Fevereiro
Como posso servir-me de testemunha
e abraçar, tão piamente, o condenado eu?
Enteias teu peito que ainda queima e sonha
e ardas como um desejo que é só meu.
Retorna a casa este centeio definhado
esmurraçado pelas longas noites aqui delidas.
E da parte que restou daquele vosso amado
guardei nas pausas das linhas vividas.
E como o pranto tornou-me este silêncio
de incabível delito que não morreu?
Certamente caber-me-á tão honroso suplício
que não saberei mais onde se perdeu.