BALANÇO DE FINAL DE ANO. - 2
 
Quando chega dezembro
Eis que me pego no balanço de contas:
Água, luz, condomínio, telefone, internet,
tudo é arquivado a espera de novo ano.

Não consigo arquivar
As águas dos meus prantos rolados
Nem minhas luzes que se iluminaram meu sucesso
Meus fracassos também presenciaram.
Minhas moradas interiores têm condomínio próprio e
Nem sempre pago por elas:
Freqüento minha tenda de amor de graça
Namoro na minha sala, de graça
Rezo no meu altar, de graça
Prezo-me no meu sussurrar, de graça...
Meu estado é de graça.

Nada pago pelas minhas ligações diretas com Deus,
Nada pago pelos telefonemas que me ligam
Entre mim e meus momentos de dor e de amor;
Minha internet interior é de free e só me faz bem:
- Protegem-me dos cavalos de Troia,
- Nunca ficam em manutenção,
- Quando lenta é pra não me acordar do sono!
- Não deleta meus erros, ensina-me a aprender com eles.
As salas de bate papos entre meu ego
E superegos nunca se superlotam;

Meu provedor é ilimitado: DEUS.
Meu modem é   definitivo: JESUS.


Não adianta que eu deseje
pois a boca não se beija sozinha
e o afago não acontece por osmose;
Não adianta que eu reze pela tua sorte
se da morte a véspera não é timoneira.
Não adianta a intenção de ano bom
se o bom está por dento noutro tom.
Não adianta o adiantar do tempo
se o alimento da alma se perde sem calma
nos arredores minados pelos agnosticismos.
Não adianata o aperto de mão
se por elas não se constrói o perdão.
Não adianta roupa nova
não adianta boa prosa
não adianta querer ser pétala
sendo sempre espinho no caule da rosa!
Não adianta não atrasar:
avançar é o mais importante na vida
no amor
no sabor
no ardor
no andor que o santo leva
pois que pro céu não vai quem reza,
mas quem preza
o gesto singelo do amor...

FÉ-LIZ 2011