Brinde de Ano-Novo

Um segundo para começar o Ano-novo.

No silêncio, na solidão do coração,

um poeta ouve o torvelim dos corações:

Vou parar de fumar, de beber, de me drogar,

vou fazer regime, vou estudar,

vou trabalhar, vou rezar, vou cantar,

vou comprar um carro novo,

vou te amar para sempre. Juro.

Vou... vou... vou... Juro, juro. Juro!

Não vou mais roubar, matar,

não vou mais desejar mal a ninguém,

não vou mais enganar meu semelhante,

não vou mais inventar bombas,

nem outras coisas que destruam a vida,

não vou mais explorar a cidadania do meu povo,

não vou mais ser mau exemplo... de nada. Juro.

Não vou... não vou... não vou... Juro, juro. Juro!

Brindes. Taças que se tocam. Sorrisos.

Abraços. Beijos. Música. Danças.

No coração solitário do poeta,

a esperança renasce majestosa.

O poeta feliz ergue sua taça.

Sua bebida tem gosto de sonho,

de encontros, de fé, de dias melhores.

E o ano-novo chega. Pontual. Inclemente.

...Tantas promessas vãs, tanto ano-novo... todo ano...

A taça do poeta se enche de lágrimas.

No seu coração, a alegria se esvazia.

Fica só a poesia - única certeza e companhia,

até o próximo brinde de Feliz Ano-novo!

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