Consciência negra
CONSCIÊNCIA NEGRA
Consciência negra
É minha pele, calejada pelo trabalho escravo.
É minha mão, construindo uma esperança.
É minha língua lembrando o dialeto dos antepassados.
São meus generosos braços que se estendem a abraços sinceros em índios, negros e brancos.
É minha mente que se recorda de tudo.
São meus cabelos, tão únicos e difíceis de classificar.
Consciência negra
É minha história que teima em se lembrar.
São meus heróis esquecidos no canto da história.
É minha cultura, meu pranto
A mesa estendida com a beleza do nosso paladar
É o grito na noite, o quilombo, o banto
Consciência negra
É o amor que tenho pela terra mãe
É a barriga que gera conforto aos meninos que nascem
É ser pai, mãe, avô e professor
É ensinar contos de outras épocas
É rodar ciranda na quizomba
É conviver com o homem, o bicho e a planta com o mesmo respeito
É escrever, na longa estrada, versos tão belos ...
Consciência negra
É reconstruir as páginas da memória
É correr o risco de buscar a liberdade
É integrar e nunca se entregar
É ser cada vez mais brasileiro
E estender os povos do Brasil ao mundo ...
Consciência negra é minha fala; apesar de tudo; de ternura, sorriso e de esperança !