Auschwitz
No caminho de lama de verde ladeado
De álamos esguios e pálidos, na chuva fria,
O passo que me levava era lento e espaçado ...
Para nada olhando mas tudo vendo, eu seguia.
O braço quase roçando o arame – farpado ...
Ali, perto do muro, as balas detonando ...
Ouvi em cada esquina vermelha um grito não dado ...
E vi-os na forca ao sabor do vento balançando ...
Naquela sala, uma vela no chão de cimento ...
A pálida chama os restos do gás não queimou !
Ainda cheira a lágrimas e a preces que não vivi ...
Foi ali que num segundo, num breve momento,
O peso da culpa que não tive me esmagou !
E, de alma nua, com eles sufoquei, com eles morri !
Auschwitz, 25/04/04