O CONSTRUTOR DA ARMAÇÃO

O CONSTRUTOR DA ARMAÇÃO

Das lutas sangrentas do negro pescador

Puxava a embarcação sem força

Sem fé, sem devoção.

Era a dor ferida na alma

E que a sombra da aroeira lhe acalmava

Depois de tanto calor.

Era o negro da armação

Que abria a baleia

Esfolava, riscava para o couro sair

Que vivia pobre na aldeia

Sem saber para onde ir.

A dor corria na mão

Fazendo massa de areia

Levantando construção

Em frente o capataz com a espada

O relho, o porrete, que o fazia chorar.

Negro fujão, negro de luta

Negro que revestia de cal a igreja do branco

Deixando bonita para madame entrar.

Ele deixou a marca do trabalho

Da riqueza, da compaixão

Mostrou com lágrimas que sorriso

Conquista-se com dignidade

Independente da idade

Com raça e com coração.