FOGO CRUZADO

Impávido guerreiro da tribo Xavante,

que nasce na selva em vale distante.

Em sua volta,

canto de pássaro e mata fechada,

rios cristalinos e cachoeiras geladas.

Barulho de bicho, cobra gigante,

rugido distante de onça pintada,

Impávido guerreiro da tribo Xavante.

que cresce feliz no meio da mata,

caçando por grandes veredas e terras sagradas,

com flecha certeira e lança afiada.

Impávido guerreiro da tribo Xavante,

que assisti calado oculto na mata,

o homem chegando de terra distante,

montado imponente em bicho gigante,

como São Jorge guerreiro na lua brilhante,

a procura de escravo, a procura de prata,

do ouro maldito! e também diamante.

Silêncio estranho de monstro faminto,

sob as águas do mar em um canto escondido.

Pendão tremulando ao vento marítimo,

a espera na praia do índio cativo.

Presságio de dor e também sofrimento,

do povo pagão descrente de Cristo.

Impávido guerreiro da tribo Xavante,

que assiste oculto na mata a tribo cercada.

Barulho de tiro, fogo cruzado, homens correndo e ocas queimadas.

Crianças gritando no meio da tribo de cara pintada.

Mulheres chorando! Sangue escorrendo

da ponta afiada de armas de prata.

Copos no chão e gargantas cortadas.

Impávido guerreiro do povo Xavante,

que chora e grita, como demente, no meio da tribo.

Em sua volta labareda de fogo e fumaça subindo.

O lamento da morte e o povo cativo...

em nome de Deus, em nome de Cristo.

ganância sagaz do povo maldito!

Jaíres Rocha
Enviado por Jaíres Rocha em 22/08/2010
Reeditado em 15/04/2016
Código do texto: T2453335
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