FOGO CRUZADO
Impávido guerreiro da tribo Xavante,
que nasce na selva em vale distante.
Em sua volta,
canto de pássaro e mata fechada,
rios cristalinos e cachoeiras geladas.
Barulho de bicho, cobra gigante,
rugido distante de onça pintada,
Impávido guerreiro da tribo Xavante.
que cresce feliz no meio da mata,
caçando por grandes veredas e terras sagradas,
com flecha certeira e lança afiada.
Impávido guerreiro da tribo Xavante,
que assisti calado oculto na mata,
o homem chegando de terra distante,
montado imponente em bicho gigante,
como São Jorge guerreiro na lua brilhante,
a procura de escravo, a procura de prata,
do ouro maldito! e também diamante.
Silêncio estranho de monstro faminto,
sob as águas do mar em um canto escondido.
Pendão tremulando ao vento marítimo,
a espera na praia do índio cativo.
Presságio de dor e também sofrimento,
do povo pagão descrente de Cristo.
Impávido guerreiro da tribo Xavante,
que assiste oculto na mata a tribo cercada.
Barulho de tiro, fogo cruzado, homens correndo e ocas queimadas.
Crianças gritando no meio da tribo de cara pintada.
Mulheres chorando! Sangue escorrendo
da ponta afiada de armas de prata.
Copos no chão e gargantas cortadas.
Impávido guerreiro do povo Xavante,
que chora e grita, como demente, no meio da tribo.
Em sua volta labareda de fogo e fumaça subindo.
O lamento da morte e o povo cativo...
em nome de Deus, em nome de Cristo.
ganância sagaz do povo maldito!