Ressurgência Solar

Ressurgência Solar

Se não tivesse encarado

O horizonte carregado

Da ficção de meus

Primeiros erros

Se meus olhos tivessem

Chovido à-toa, gotas

Caídas, colírio na

Íris do anjo soa

O remo na água

Impulsionando a canoa

Sem caminho de volta

A proa do barco trôpego

Avança por minha conta

Nas águas, nas ondas

Até superar meu último

Medo. Lua e estrelas

Destinam-se na maresia

A manhã sumiu com meu

Passado inteiro. Não

Não existem mais sonhos

Num céu de brigadeiro

Agora sou eu e meu remo

Passageiro do tempo

Quanta hostilidade

Naqueles olhos negros

De melancolia brilham

Bronzeados nesse presente

Primeiro. Se fizesse

Parar de chover nos

Primeiros alegados erros

Eros não teria tido tempo

De vivê-las. Elas,

As respostas. E estaria

Tentando fazer de conta

Compras no supermercado

De meus primeiros erros

A chuva não mais parou

E meu corpo não virou sol

Neste sábado me vesti

Com roupas de nuvens

Sumiram todos os figurinos

Nos erros antepassados

Se vou viver, se vou morrer

Será na força de meus passos

Meu corpo exposto ao sol

De meus primeiros medos

Não vai estar parado

Não vou morrer pela boca

Lambendo as feridas

As caras carpidas infiltradas

De culpas jogando sobre mim

Meus falsos primeiros erros

Entraram Todas numa fria.

Ficaram no Freezer gelado

Mastigando farpas com nostalgia

Como se o tempo não houvesse

Passado e o sol tivesse

Parado de nascer nesse dia

Se não remasse com a força

Das mãos, pernas e braços

Não teria pescado minha

Vida de volta seria uma

Sombra a mais de meus

Simulados medos. Salvei-me

Da dor de viver a repetir

A herança sombria desse

Passado inteiro. Fiz parar de

Chover sobre mim as culpas

E os erros. Escolhi estar

Ao sol chega dessa dança

Com as sombras de meus

Supostos primeiros erros.

Parar de viver a satisfazer

O futuro como se o futuro

Fosse meu passado inteiro.

Meu corpo ficou livre

Deles, minha mente voa

Sobre o abismo onde moram

As pessoas que me acusam de

Seus primeiros erros. Como se

Fossem meus e devesse eu

Compartilhar para sempre

A dor de estar no calor de

Sentir minha mente virando

Pó compartilhando as culpas

Dessas pessoas tão sós insepultas

Falando, cantando e dançando

Sobre o chão festivo de seus

Festerros. Minha senda Zen

Meu caminho de Damasco

Teriam virado sombras meu

Corpo, meus pés, meus passos

Sós se eu tivesse rimado viver

Nesses lugares de realce

Onde o pó almas animadas

Por seus erros festejam-se

Desejam ser retratadas

Nas fotografias animadas

De seus tristes enredos.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 25/04/2010
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