O Rei e a esfera

México, 1970,

Estádio Asteca;

Numa terra de deuses,

O mundo está centrado

Num estádio;

A bola, o gramado,

O centro do universo.

Ali, o Rei do futebol impera,

No porte elegante com que conduz a bola;

Seus súditos obedecem;

Um , dois, três, fora,

No drible.

A cabeçada elegante;

Silêncio no estádio,

A ovação, o soco no ar:

Pe-lé; Pe-lé; Pe-lé!

Vê, por um instante o mundo atingiu a perfeição;

Esqueçam-se guerras,

Diferenças;

Até os inimigos irão aplaudir.

O Rei deixa o estádio; é um homem comum,

Do povo, como muitos outros de pernas tortas,

Mas que se redimem com a esfera.

O campo é esférico,

O jogo é redondo,

A Terra também,

Assim como o universo, as estrelas,

A contemplarem o espetáculo do Brasil!