Tênue Linha

Tênue Linha

Delasnieve Daspet

A areia do tempo começa a cair.

A incerteza reclamando a vida,

A certeza clamando a morte!

Tênue linha separa

O novo e o velho.

A infância. A vida. O medo.

Existirá mesmo o adeus ao velho?

A felicidade no novo?

Lá no horizonte a linha divisória

Está incendiando.

Fogo!

Luz incandescente na noite escura.

Noite sem lua!

Mas é bonita a escuridão

Do ano que chega

Eis que tudo ainda pode ser!

Já o velho - ainda envolto em paetês,

Brilhando nas agrúrias

Segue seu lento caminhar

Rumo à poeira!

Sonhos. Vidas. Amores.

Todos em declínio

No seu rastro de cometa!

Mais um natal.

Festa da cristandade?!

Porque então tanta fome, frio

Injustiças já fazem o novo tão velho,

Os gemidos tão iguais?!

Tenho o espirito da lua.

Nasço e morro todos os dias.

Vivo o ano, vivo a vida,

Só - como todos os seres humanos,

Flutuando tristemente no ar!

Pólen sem abelha!

Flor sem perfume.

Um ano que passa,

Outro que chega,

Tudo - sempre - tão igual!

DD_00,10 hs do dia 17-10-2001 - Campo Grande MS.