ZUMBI
Lílian Maial


igualdade - palavra gasta
vence o poder, a força
o domínio
o ego

luta de raça
refrão de cego

Zumbi seria branco,
se negro fosse o feitor
pois que pele é flor
beleza e perfume
enfeite da vontade

sobra o medo embutido
vaga na escola
letra de funk
subir o vidro
esmola

consciência negra
tributo à separação
imposto sobre a melanina

a cada dia nasce um Zumbi na China
no Irã, no Acre, no Congo
em cada esquina
como Cristo
entre o céu e o crucifixo
como o judeu
entre o Tovah e o Desmodeu
como Che
entre o povo e o poder
como a mulher-de-terno
entre a fêmea, a mãe, a escrava e o inferno

zumbi não morreu
nem venceu

está na retina,
nos poros,
na adrenalina

e os punhos ainda guardam os grilhões
e sustentam fuzis e rosas


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