O meu único dia de Mulher

Oito de março lembraram de mim

Mandou flores, tocou até tamborim.

Como presente de consolação

Além dos bombons ganhei cartão

Elogiou tanto o meu caráter

E me fez sentir rainha

Fingiu esquecer que não cobiçava o meu corpo

Mas sim a minha carinha

Afirmou que sou bela por ser mulher

E disse o quanto sou guerreira de fé

E que sou capaz de vencer todas as barreiras

Sou forte e verdadeira

Na TV tantas homenagens

Que cheguei a acreditar

Até que enfim a igualdade está a reinar.

Nove de março que decepção

Pia cheia e toalha no chão

Pedi para tirar o prato da mesa

E quase levei um bofetão

Disse que o serviço de casa era minha obrigação.

Que mulher só prestava para cozinhar,

Fazer sexo,

Gerar filhos e amamentar.

Dez de março e a coisa piorou

Disse que sou feia, gorda

E não sabe porque casou

E ainda me chamou de burra

Se tivesse estudado

Pelo menos era culta

Os dias passam e fico esperando

Meu único dia de mulher.

Oito de março.

(Dedico esse poema as guerreiras que não abaixam a cabeça diante dessa desvalorização do ser feminino. Que as meninas boas vá para o céu e as más vá a luta)

MJIBA
Enviado por MJIBA em 24/05/2005
Reeditado em 03/05/2006
Código do texto: T19277