O meu único dia de Mulher
Oito de março lembraram de mim
Mandou flores, tocou até tamborim.
Como presente de consolação
Além dos bombons ganhei cartão
Elogiou tanto o meu caráter
E me fez sentir rainha
Fingiu esquecer que não cobiçava o meu corpo
Mas sim a minha carinha
Afirmou que sou bela por ser mulher
E disse o quanto sou guerreira de fé
E que sou capaz de vencer todas as barreiras
Sou forte e verdadeira
Na TV tantas homenagens
Que cheguei a acreditar
Até que enfim a igualdade está a reinar.
Nove de março que decepção
Pia cheia e toalha no chão
Pedi para tirar o prato da mesa
E quase levei um bofetão
Disse que o serviço de casa era minha obrigação.
Que mulher só prestava para cozinhar,
Fazer sexo,
Gerar filhos e amamentar.
Dez de março e a coisa piorou
Disse que sou feia, gorda
E não sabe porque casou
E ainda me chamou de burra
Se tivesse estudado
Pelo menos era culta
Os dias passam e fico esperando
Meu único dia de mulher.
Oito de março.
(Dedico esse poema as guerreiras que não abaixam a cabeça diante dessa desvalorização do ser feminino. Que as meninas boas vá para o céu e as más vá a luta)