FINADOS

Duas almas unidas como tantas,

duas vidas, filhos, trabalho, amigos,

novos conhecidos, monotonia no lar,

dificuldades financeiras, e depois de

algum tempo um silêncio mortal.

Sem definição de momentos afinal tudo

acabou nas garras da rotina, nada de

carinho e nem uma conversa ao pé do fogo

permanece mudo como entrou e silencioso ao sair.

E o tempo caminhou como caprichosamente

sempre fez, sem reconhecer ninguém, até

que um dia os maus-tratos bateram naquela

porta sem saberem se podia adentrar.

Pelos sofrimentos ingeridos, ela abalada

começou a sentir o desvio do estado normal,

distúrbios funcionais, por fim a

uma moléstia resultante de

uma feroz autoagressão.

Médicos, hospitais internação, estado

de tenuidade, emoção e lágrimas, inumação

acompanhada pelos familiares, olhos vermelhos

camuflados por óculos escuros, e depois a inscrição

"AQUI JAZ"..., fulano de tal.

O passamento pode ocorrer a qualquer hora,

por doença ou por súbito colapso, mas, o

que mais me chama a atenção, é que de uma

forma ou de outra, todos se não os mais próximos

sempre dizem: "Coitada/o era tão boa", contudo

quando em vida ninguém lhe soube dar o valor devido.

E depois, talvez até por uma questão de

arrependimento, grande número de pessoas

correm para o campo santo instituído não sei por quem

para acender velas, como se cera, fogo ou flores tem o poder

para levar o espírito aos braços do eterno Pai.

O bem tem que ser feito em vida, os elogios

e os estímulos urgem ser dispensados enquanto

respira-se, depois qual a magnitude das

palavras..."Em vida ele/a foram excepcionais."?

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Wil
Enviado por Wil em 03/11/2009
Código do texto: T1902431