FINADOS
Duas almas unidas como tantas,
duas vidas, filhos, trabalho, amigos,
novos conhecidos, monotonia no lar,
dificuldades financeiras, e depois de
algum tempo um silêncio mortal.
Sem definição de momentos afinal tudo
acabou nas garras da rotina, nada de
carinho e nem uma conversa ao pé do fogo
permanece mudo como entrou e silencioso ao sair.
E o tempo caminhou como caprichosamente
sempre fez, sem reconhecer ninguém, até
que um dia os maus-tratos bateram naquela
porta sem saberem se podia adentrar.
Pelos sofrimentos ingeridos, ela abalada
começou a sentir o desvio do estado normal,
distúrbios funcionais, por fim a
uma moléstia resultante de
uma feroz autoagressão.
Médicos, hospitais internação, estado
de tenuidade, emoção e lágrimas, inumação
acompanhada pelos familiares, olhos vermelhos
camuflados por óculos escuros, e depois a inscrição
"AQUI JAZ"..., fulano de tal.
O passamento pode ocorrer a qualquer hora,
por doença ou por súbito colapso, mas, o
que mais me chama a atenção, é que de uma
forma ou de outra, todos se não os mais próximos
sempre dizem: "Coitada/o era tão boa", contudo
quando em vida ninguém lhe soube dar o valor devido.
E depois, talvez até por uma questão de
arrependimento, grande número de pessoas
correm para o campo santo instituído não sei por quem
para acender velas, como se cera, fogo ou flores tem o poder
para levar o espírito aos braços do eterno Pai.
O bem tem que ser feito em vida, os elogios
e os estímulos urgem ser dispensados enquanto
respira-se, depois qual a magnitude das
palavras..."Em vida ele/a foram excepcionais."?
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