Parabéns!
Por calar tanta coisa no peito
Por não querer o que é demais
Por não esquecer de olhar para trás
Por não desmanchar o que está feito
Pelo peso dos instantes
Pela pergunta não feita
Parabéns pela falta de ódio
Cobiça e inveja, ainda que tenha nada
Parabéns por ter o que pode ser teu
Somente e mais nada de nada
Querer aquilo que existe
Apenas aquilo que pode carregar
E essa dor não negada
Essa falta de algo na vida
Essa falta de vida na estrada
Parabéns por esse grito contido
Por essa falta de violência
Por essa ira ausente
Por não ferir por simples prazer
Não matar aquilo que vive
Nem deixar viver aquilo que não pode nascer
Parabéns por essas asas invisíveis
E os sonhos todos tão impossíveis
Por esse vôo cego no abismo
Esse mergulho insano na escuridão
Parabéns por descer ao inferno
Perder por querer o paraíso
E o que mais fosse preciso para encontrar amor
Parabéns por essa caminhada tortuosa
Por ir tão somente, seja lá para onde for
Por essas madrugadas e sacadas
Nascedouro de tantas palavras
Parabéns por serem escolhidas, pesadas, medidas
E nascerem com cor, cheiro e sabor
Ah! As palavras e suas armas e escudos
Seu veneno e bálsamo, seus antídotos
E por serem mil adagas fincadas nas costas
Por sangrarem em mil poemas
Parabéns pelo pouco de poesia
Uma cor a mais nos pensamentos
Contraste do cinza de viver hoje em dia
Pela beleza dos sentimentos
Parabéns pela fiel melancolia
E essa impassível solidão
Essas certezas tão incertas
Sobre não existir nenhuma verdade
E por essa verdade absoluta
Sobre todas as dúvidas imagináveis
Parabéns pelas mãos que tocam sem ferir
Por esse afago sem tocar
Pelos olhos postos nas estrelas
Por esse sorriso no fundo do poço
Por essa tola esperança em dias melhores
Por essa mente perdida no mistério das coisas
Das coisas todas tão assim sem mistério
Parabéns pelos amores no peito
Guardados a sete chaves
E perdidos
A salvo da tristeza lá fora
Pela saudade de quem volta logo
E pela saudade ainda maior
De quem ainda nem chegou
Do que se foi para sempre
E nunca vai existir no vir a ser
Apenas nos rastros e restos
Parabéns por tudo que não tens
Que se tivesses não terias o que agora tens
E serias outro, um outro que não esse eu
Esse eu entranhado em tanto vazio
Esse vazio repleto de possibilidades
Parabéns por ouvir o que não se disse
Por entender o que não se sabe
Por acreditar no que não se vê
Por aceitar o que não se sente
Por sentir o gosto de todas as coisas
Para se deleitar com o que é doce
E não se surpreender com o que é amargo
Não esquecer que cada manhã é um fardo
E todo dia passando vida um pouco acabando
E o tempo tomando de volta tudo o que deu
Parabéns pelo que esqueceu
E não se derrama em palavras
E por não lembrar que doeu
O que não aparece nas conversas
O que não se diz em tribunais
Pelo que não se pede em oração
Pelo que não se dá nem por piedade
E pelo que não se tem de perdão
Parabéns por existir aos poucos
E por ser aos pedaços despedaçado
E ainda assim ser um todo de tudo e nada
E se dar a conhecer em cada tua parte
Parte que te arde no peito
Esse fogo, essa mágoa, essa ânsia
Essa dor que te faz viver, renascer
Nesse novo dia que não viria
Se motivo para tanto não tivesse
E o motivo de uma outra madrugada
É findar uma noite no anúncio de outro dia
E o motivo dessa vida ter sido vivida
É findar uma vida esquecida
No anúncio de outra vida provável
Mas improvável no anúncio
(Em 02/02/2006 - 11:15 - comemorando 44 anos de vida e a caminhada por uma estrada incerta, avistando a possibilidade de novos horizontes)
Por calar tanta coisa no peito
Por não querer o que é demais
Por não esquecer de olhar para trás
Por não desmanchar o que está feito
Parabéns por todo o silêncio
Pelos passos hesitantesPelo peso dos instantes
Pela pergunta não feita
Parabéns pela falta de ódio
Cobiça e inveja, ainda que tenha nada
Parabéns por ter o que pode ser teu
Somente e mais nada de nada
Querer aquilo que existe
Apenas aquilo que pode carregar
Por essa estrada levar a nada
Por essa lágrima não escondidaE essa dor não negada
Essa falta de algo na vida
Essa falta de vida na estrada
Parabéns por esse grito contido
Por essa falta de violência
Por essa ira ausente
Por não ferir por simples prazer
Não matar aquilo que vive
Nem deixar viver aquilo que não pode nascer
Parabéns por essas asas invisíveis
E os sonhos todos tão impossíveis
Por esse vôo cego no abismo
Esse mergulho insano na escuridão
Parabéns por descer ao inferno
Perder por querer o paraíso
E o que mais fosse preciso para encontrar amor
Parabéns por essa caminhada tortuosa
Por ir tão somente, seja lá para onde for
Por essas madrugadas e sacadas
Nascedouro de tantas palavras
Parabéns por serem escolhidas, pesadas, medidas
E nascerem com cor, cheiro e sabor
Ah! As palavras e suas armas e escudos
Seu veneno e bálsamo, seus antídotos
E por serem mil adagas fincadas nas costas
Por sangrarem em mil poemas
Parabéns pelo pouco de poesia
Uma cor a mais nos pensamentos
Contraste do cinza de viver hoje em dia
Pela beleza dos sentimentos
Parabéns pela fiel melancolia
E essa impassível solidão
Essas certezas tão incertas
Sobre não existir nenhuma verdade
E por essa verdade absoluta
Sobre todas as dúvidas imagináveis
Parabéns pelas mãos que tocam sem ferir
Por esse afago sem tocar
Pelos olhos postos nas estrelas
Por esse sorriso no fundo do poço
Por essa tola esperança em dias melhores
Por essa mente perdida no mistério das coisas
Das coisas todas tão assim sem mistério
Parabéns pelos amores no peito
Guardados a sete chaves
E perdidos
A salvo da tristeza lá fora
Pela saudade de quem volta logo
E pela saudade ainda maior
De quem ainda nem chegou
Do que se foi para sempre
E nunca vai existir no vir a ser
Apenas nos rastros e restos
Parabéns por tudo que não tens
Que se tivesses não terias o que agora tens
E serias outro, um outro que não esse eu
Esse eu entranhado em tanto vazio
Esse vazio repleto de possibilidades
Parabéns por ouvir o que não se disse
Por entender o que não se sabe
Por acreditar no que não se vê
Por aceitar o que não se sente
Por sentir o gosto de todas as coisas
Para se deleitar com o que é doce
E não se surpreender com o que é amargo
Não esquecer que cada manhã é um fardo
E todo dia passando vida um pouco acabando
E o tempo tomando de volta tudo o que deu
Parabéns pelo que esqueceu
E não se derrama em palavras
E por não lembrar que doeu
O que não aparece nas conversas
O que não se diz em tribunais
Pelo que não se pede em oração
Pelo que não se dá nem por piedade
E pelo que não se tem de perdão
Parabéns por existir aos poucos
E por ser aos pedaços despedaçado
E ainda assim ser um todo de tudo e nada
E se dar a conhecer em cada tua parte
Parte que te arde no peito
Esse fogo, essa mágoa, essa ânsia
Essa dor que te faz viver, renascer
Nesse novo dia que não viria
Se motivo para tanto não tivesse
E o motivo de uma outra madrugada
É findar uma noite no anúncio de outro dia
E o motivo dessa vida ter sido vivida
É findar uma vida esquecida
No anúncio de outra vida provável
Mas improvável no anúncio
(Em 02/02/2006 - 11:15 - comemorando 44 anos de vida e a caminhada por uma estrada incerta, avistando a possibilidade de novos horizontes)