Peripécias de São João
Botaram-me de padre
No teatro junino
Mas eu queria ser o noivo
E não o peregrino
A noiva caipira
Tinha os olhos da cor do caldo verde
Era baixinha, pintadinha, de trancinhas
Seu sorriso maquiado e contente
Larguei a batina e fui comer pinhão
Doeu meu coração ver a noiva e o garanhão
Engasgado enchi a cara de quentão
E fui dançar quadrilha dando tropicão
_Olha a cobra!
Eu corri
_É mentira!
Eu morri
De vergonha
Comi pamonha
E milho assado na fogueira
Entrei dentro da casa grande
Pra ficar sozinho...Por algum instante
Eu preferi a lareira
Tinha dois “peão”
Fazendo serenata
Com a mão no coração
Ouvia encantada
A noiva Renata
Aquela toada
Não sabia tocar violão
Tava bêbado e nem era belo como o noivo trovador
Como roubar o coração
Daquela caipirinha enfeitada, perfumada como a flor?
Eu poeta vitalício, viciado
Fiz versinhos na poeira do abajur
E ela de rabo de olho
Leu meus versos um por um
Tava sentado lá fora
Vendo a lua de São João
O fogo virou fumaça
E a fumaça virou carvão
Quando o baio foi embora
Fiquei eu, cavalo magro
Ela disse: _Ele é uma chato
Posso sentar do seu lado?