NAVIOS NEGREIROS (13 DE MAIO)
Homens caçados como animais,
amarrados a convés ,de suas dores,
prisioneiros de seus sonhos, roubados de seus ideais,
fizeram a história do povo brasileiro.
Homens que perderam seus filhos, amores e país.
De suas identidades não lembraram mais
deixaram perdidas ilusões submergirem ao cruzarem mares,
deixaram de olhar os olhos de seus amores, de tomar ao colo seus filhos e de suas vidas serem senhores.
Homens que perderam o sentido de campeões, que no porão dos navios viram seus mortos perecerem, viram suas vidas, entre outras vidas se perderem.
Homens que nunca temeram o rugir dos leões, enfrentaram tigres venceram ferozes leopardos, mas que, de joelhos caíram aos pés
de brutos capitães.
Estes que ,na chicotada faziam suas leis,
que no mau cheiro do preconceito se envolveram, aprisionando negros irmãos,
acorrentaram pelo vil metal, filhos da África, a grande nação.
Não posso com minhas lágrimas, lavar esse tempo passado ,não posso arrancar da história essa parte sangrenta, que pintou minha tez morena, da mistura das raças em meu ser,desse grito de dor que ainda hoje se faz ouvir na boca do mundo que dorme para o crime cometido em nome do trabalho e progresso das nações.
Navio negreiro quantos reis aprisionaste?
Quantos sonhos mataste?
Quantos ideais cortaste?
As lágrimas que foram derramadas o tempo enxugou.
No grito da liberdade ecoada o tempo teceu a paz esperada.
Mas o tempo não trouxe a dignidade desejada.
( O estrago feito nos navios negreiros hoje continua dentro de cada negro que sofre ,a gritante dor do preconceito atroz.)
Heliana Mara