PERDOA-ME MÃE
Perdoa-me mãe querida
Por na minha infância
Roubar-lhe noites de sua vida
Eu lhe sugava os seios e sua saúde
Sugava parte de sua juventude
E enquanto de dia eu dormia
Em trabalho desdobrado sua alma ardia
Cuidava de mim, da casa, do papai
E de seu trabalho fora do lar
Mais tarde na escola em comemoração
Pelo dia mais lindo, o das mães
Eu tentava alguma coisa lhe dar
Ensaiava coreografias, cantava
Dava o meu melhor e te fitava
Na platéia seu rosto queimava
Na febre do amor maternal
Seu coração dentro do peito não cabia
Eu cresci um pouco mais
E claro, era normal
Eu não mais conseguia te beijar
Te abraçar em público e me declarar
Eu não mais desejava me expor
Em datas festivas e marcantes
Por vergonha, coisa de adolescente
Mas nunca por falta de amor
Perdoa-me mãe querida
Se eu te chamo pelo nome
Ou simplesmente de mãe
A mamãe da infância apenas dorme
Dentro de minha alma imortal
Perdoa-me mãe querida se ao adolescer
Te causei grandes preocupações
Com meu silêncio, meu isolamento
Sem dividir-lhe as minhas emoções
Perdoa-me mãe querida
Se já adulto eu não te procurei
Quando mais de ti precisei
É, que mãe, eu não sabia
Que santas como a virgem Maria
Estavam em ti, em reza encantada
Me tirando naquela madrugada
Do sofrimento que me consumia
Perdoa-me mãe amada
Se somente depois de crescer
Aprendi a sentir teus sentimentos
Perdoa-me mãe por tanta dor
Eu cresci e tenha certeza
Cresceu também o meu amor
Ele é toda expressão da natureza
Posso baixar o sol para alegrar teus dias
E descer estrelas do firmamento
Para em flores transformar
Fazendo de sua vida, primavera
Em pleno outono do seus dias
DIANA LIMA, SANTO ANDRÉ/SP, 10/05/2006