Dia das mães
Unindo os corações e os pensamentos;
E as emoções mais fundas, mais sentidas,
Pousemos nossas almas, comovidas,
Nas asas da saudade, solta aos ventos...
Por elas reveremos tempos idos,
Os lindos tempos nossos, de criança,
Perdidos na inocência e na lembrança
De sonhos que se embalam, coloridos...
E sonharemos, outra vez, com fadas!
Num mundo de bondade e de beleza,
Desconhecendo o mal e essa rudeza
Que andam pelo mundo de mãos dadas.
Teremos, novamente, qual um hino,
A voz materna aconselhando o filho,
Mostrando a ele a rota, o longo trilho,
Capaz de o conduzir a bom destino.
Se o filho está febril, chora ou soluça;
Se o martiriza a dor e o entristece,
Um vulto de mulher logo aparece
E, sobre o berço lívido debruça...
Se algum perigo o ronda, hei-la, afinal,
Em guarda transformada, em sentinela...
Que viva o filho amado e morra ela,
No doce sacrifício maternal...
O amor de mãe medir não pode o filho,
Sem antes conhecer a humanidade,
O mundo de amargura e de maldade,
Que buscam retirar do amor o brilho.
Amai, crianças... Professai os cultos
Do verde amor, tão cristalino e puro,
À vossa mãe, deixando este maduro,
Este sofrido amor, p’ra nós adultos.
P’ra nós que somos pais e bem distante
Sabemos nossa mãe, triste e velhinha,
Ou nem a temos mais, partiu sozinha,
Chamando pelo filho, agonizante...
Deixai p’ra nós – repito – esta certeza
De ser o amor materno o mais profundo,
O mais sincero e puro amor do mundo,
Aumenta em meio à dor e na tristeza!
Rezemos, em silêncio, neste instante,
Pensando em nossa mãe, sempre querida...
A mãe presente que nos guia a vida,
A que morreu, ou mora, além distante...
Que o mundo se ajoelhe neste dia!
Os ódios se desfaçam como espumas!
O céu desanuvie... Caiam as brumas!
Voltando a imperar paz e harmonia...
Escrita em Maio de 1963.