Poema à Mulher
POEMA Á MULHER
Mulher, partícula divina
Canto natural e etéreo
Envolves –te não mais
Naquele medieval trêmulo mistério
Amordaçada em lúgubres castelos;
hoje, lanças –te à ação,
novos caminhos conquistas,
Desdobras-te em situações, atividades,
Quefazeres tantos,
Sintetizas dores e alegrias do mundo,
És o indefectível elo universal
Que em tudo e ápices momentos cintilas;
És do amor fonte perene
Ao fulgor da paixão animas
os semblantes pálido e adormecidos,
Com um olhar puro, complacente
Querendo-os ajudar, do torpor tirar,
com sorriso terno, gesto anônimo
fazendo-os vibrar com a sonoridade
das vagas;
Reverdece os campos ressequidos,
cobre-os de flores e frutos,
O teu anelo é tal vigor,
Em participação com o mundo
Crias, dialogas, à verdade buscar,
Que em incansável labor
No lar, escola, educação, ciência e tudo
também com a umidade cálida de uma lágrima
Faze-o desenvolver e transbordar.
És o rastro indelével do tempo
Que nem o furor do vento
Consegue apagar
Os laivos transcendentais do teu pensar
Em forma de bailar,
Na mais violenta procela
Ouve-se insistente, em som longínquo
A voz de uma eterna mulher
Pedindo ao grande mundo
Apenas um melhor mundo
De amor, progresso e paz
Onde todos encontrem o intrínseco lugar
E o vento, sem seus volteios de leva-e-devolve,
Imploras que ele arraste para bem longe
As poeiras turvas do sem amor
Há similitude de tua beleza com a da rosa,
Mas és inda mais que ela
Amas, lidas, sofres, choras e sabes perdoar
Àqueles corações enrijecidos
Pelas turbulências da vida, quantas
tropeçar muitas vezes
Jorrar acre lágrimas te fez,
Apascentas, compreendes os sofreres
E redimes quem te fez chorar;
Porque teu sentir é placidez,
Em vivências de incertezas e vitórias,
Consciente na tentativa de acertar
E subir os píncaros de muda glória
Abrigas brancos, dourados, verdes,
laboriosos ninhos
Sem teus aromas e brilhos confundir,
A frágil feminilidade de ti própria
Em encantamento, sublimes momentos
És dos poetas fulgurante musa
Dos companheiros suave agasalho;
e múltiplos valores, tantos
Pelos séculos, a história testemunhou;
Do enleio profundo do teu ser, irradia
O dinamismo indômito das ondas
do mar, dos rios
A fé inquebrantável de um profeta,
A pureza inviolável de uma flor,
A ternura de plumas em suave brisa
a beijar os cabelos de uma criança,
O amor universal de um redentor,
A esperança de um alvorecer
Aliado à paz de um por de sol,
E nesse deslumbramento trepidante
de pérolas e areia derramadas,
surges ao mundo valor insubstituível
Equilíbrio, harmonia, silêncio e paz universal!