Poema do Dia de Aniversário - 19.08. - Silas Correa Leite, Itararé-SP

Poema do Dia do Aniversário (19.08.52)

“O homem sofre por viver na solidão,

impotente diante dos obstáculos,

condenado à espera inútil e aos

desejos eternamente insatisfeitos.

Nenhuma magia o liberta de seu

destino trágico(...)” Ivan Marques

Faço anos, como quem morre.

Uma pessoa como eu, não faz anos, dura.

Fui feito de sangue, suor e lágrimas

E assim vou me levando, sem lenço e sem documento.

O dia do aniversário da gente

É o dia mais triste do mundo

Deixamos a seguridade do planeta placenta

E viemos dar no inferno da terra, a escória do espaço.

Longe de Itararé, da casa da mãe

O mundo é cainho, uma mixórdia

Tento sobreviver nem querendo parecer humano

E me fujo na poesia, no escrever diários de abordagens.

O dia do nascimento de uma pessoa triste

É como o dia de sua morte, no devir

Nada antes, nada depois, somos o nada

E escrever sobre a espécie é aprimorar técnicas de vôos.

Agosto é um mês de lunáticos e lobos

E sendo eu um poeta que perdeu a infância

Corro-me criança por aí a escrever matizes

Tentando na poesia ter um mundo imaginário, além-luz

Faço aniversário como quem morre, como quem sobrevive a vegetar

Longe de casa, longe da mãe, de Itararé, de mim; do meu próprio estar

O que eu sou é meio lobo, meio criança, meio terráqueo a se procurar

Apontando para uma ilha no céu e pedindo resgate, socorro, Lar.

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Silas Correa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br

www.itarare.com.br/silas.htm

Poema da Série “Na Casa do Pai Há Muitas Geladas”