BELA TARDE DE OUTONO

As belas íris dos olhos teus

deixaram lembranças

que iluminam

a travessia turbulenta

dum Oceano escuro,

de água barrenta.

Sobre o meu tempo,

tempestade.

Em tuas franjas, castidade.

Uma voz virgem

ecoou neste outono plúmbeo,

de espelhados espaços,

estáticos e vazios,

quando a lança de Eros

atravessou-me

num dia frio,

despido de Vida,

cheio de dor.

Outono, outra cor,

outono de improfícuos

intervalos,

outono sem sexo,

outono sem nexo.

minha alma perdida entre nuvens,

reclama a tua presença,

e declama-te

em gotejantes e abundantes

lágrimas,que caem

sobre o Firmamento

e sua imensidão,

rios celestiais formarão.

E será nesta morada de

infindáveis angústias

e contradições,,

que um dia

renascerá

um outro Mar,

claro e límpido,

tal qual teu olhar,

mas...

triste

como chuva,

Triste,

como esta tarde de outono.