Chuva de abril
Chove...
É chuva de abril, pesada e triste
a cair nesta manhã sonolenta,
onde permaneço um pouco mais,
enquanto esta chuva que me apavora cai.
Penso nos dias de sol
e tento sorrir, quando meu rádio me traz de volta e me diz:
“... nesta deliciosa manhã de segunda-feira..."
E o Poeta me lembra que:
“Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem: cada um como é”
Procuro inspiração
e ela não vem – só sinto a chuva
molhando-me alma e coração;
e lembro que pode ter sido também
obra de alguma feiticeira, que por meu descuido,
ou por meu sono,
roubou meus versos que guardo
no cofre dos sonhos e da ilusão.
E chove!
Chove em todo lugar.
Chove nos cantos e chove a cântaros!
“It’s raining cats and dogs”,
como se cães e gatos
gostassem de chuva…
Até Raul, o Seixas
tinha medo da chuva...
Mas eu não a temo.
Eu tenho raiva!
Porque ela atrapalha meus planos,
e fica como espessa cortina,
a me impedir de abrir a janela,
e de olhar para o mundo...
Enquanto isto chove!
Esta chuva pesada e triste
que esconde o sol
e de mãos dadas com o vento,
encrespa as águas do mar...
Ah, mar e sol!
Que vontade de correr
por alvas areias
entre gentes de risos coloridos,
e gritos de alegria...
E aqui chove, enquanto
ouço “November Rain”
que me traz doces lembranças,
e me faz sonhar...
E todo mundo quer ser feliz.
“Mas, eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural”, me diz Fernando, o Pessoa.
Enquanto isto...
Chove solidão dentro de mim...
Vinhedo, 14 de abril de 2008.