O CONTRA-ATAQUE
Hoje é o dia "d". Vou apertar o botão vermelho.
Chegou a hora de responder aos ataques terroristas de minha vida.
Chega de contabilizar mortos e feridos nessa montanha de escombros, a soterrar meus sonhos mais sinceros.
Nem sei ao certo por que finalmente decidi atacar.
Talvez seja pelo fato de logo cedo, ao me contemplar diante do espelho, eu tenha percebido o quanto sou ínfimo, o quanto a vida me desproveu de motivações e artifícios, que me possibilitássem desenvolver alguma vaidade.
Mas, quem liga pra isso, não é mesmo? Não é o conteúdo, o recheio mais significativo? Não é assim que diz o discurso politicamente correto?
Talvez então isso explique o sol forte que espera eu colocar as roupas no varal, para repentinamente dar lugar a uma impetuosa e desavisada chuva.
Talvez isso explique a condução que sempre passa pouco antes de minha chegada ao ponto.
Talvez isso explique todos os rótulos que me deram e que nada têm a ver com minhas ações e personalidade.
Talvez isso explique o fato de não me sentir amado pela mulher que amo.
Talvez isso explique por que minhas palavras valem menos que meus defeitos.
Talvez isso explique o pouco caso que a felicidade vive a fazer de mim.
É...eu diria que de fato devo ser mesmo muito insignificante!
Mas agora eu te ataco, ó ditadura dos padrões, ó modismo da moda!
Ainda bem que nem tudo está perdido. Ainda guardo uma carta na manga...
Eu peço um brinde aos meus neurônios!!!