O PASTOR

Nasce na plenitude de encantos o dia

e lá longe o sol começa a despertar,

brilhos multicolores o orvalho irradia

nos montes silenciosos e seu acordar.

Cumprindo o destino da própria vida

num ardoroso labutar a toda a hora,

entrega-se o pastor à dureza da lida

de partir pela madrugada campos fora.

Ensinado pelas aves a sorrir e a cantar

nos cerros e montes onde mora o encanto,

quantas vezes com vontade de chorar

alivia as dores com o próprio canto.

Como companhia tem o carinho do gado,

almas irmanadas numa mesma solidão,

que seduzidas pelos encantos do prado

apagam a tristeza com a mesma canção.

Fustigados pelo frio ou estival calor

percorrem os carreiros da mesma sorte,

lutam em desigualdade com afinco e ardor

que vai esmorecendo até findar na morte.

José Rafael
Enviado por José Rafael em 28/03/2008
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