Criação

Criação

Crio o silêncio da luz;

E as sombras de meu passado

Perdem a graça

Quando a hora passa;

E o relógio velho

Faz desenho de ponteiros tristes.

Crio a saudade

De um amor de verdade,

Inventado ou real;

Na rua suja e mal iluminada,

São pardos os gritos falsos;

E as risadas são puras anedotas,

Falseadas pelo avançar da idade.

Crio minha dor,

Que é maior e mais quente;

Quieta flor de espinhos maduros;

Pura dor permanente;

Latejante e doente.

Quando não mais dor

É prazer sorridente.

Crio o dia perfeito,

Mas amanhã tem defeito.

É brinquedo quebrado no chão;

Desprezado por tantos,

Esquecido por muitos.

E por mais que espere,

A esperança me trai,

E me joga na parede da desilusão.

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 25/02/2008
Código do texto: T875630
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