Criação
Criação
Crio o silêncio da luz;
E as sombras de meu passado
Perdem a graça
Quando a hora passa;
E o relógio velho
Faz desenho de ponteiros tristes.
Crio a saudade
De um amor de verdade,
Inventado ou real;
Na rua suja e mal iluminada,
São pardos os gritos falsos;
E as risadas são puras anedotas,
Falseadas pelo avançar da idade.
Crio minha dor,
Que é maior e mais quente;
Quieta flor de espinhos maduros;
Pura dor permanente;
Latejante e doente.
Quando não mais dor
É prazer sorridente.
Crio o dia perfeito,
Mas amanhã tem defeito.
É brinquedo quebrado no chão;
Desprezado por tantos,
Esquecido por muitos.
E por mais que espere,
A esperança me trai,
E me joga na parede da desilusão.