Esporádico
As vezes, somente as vezes,
O meu eu desprecavido
Mistura-se a poesia,
E me é tanta agonia,
Que mal sei, o que sou eu,
o que é ela: a poesia.
A vezes, a noite, poucas vezes,
Galgando a solidão de não ter sol,
Inda que num abraço, lampejo,
Diz amá-lo eternamente,
Deixando-o assim num beijo,
Que logo o descansa,
Para então precocemente,
Despertar...
As vezes, muitas vezes,
A dor dar-se enodoada
E de pouco me vale a água,
Que se derrama,
Se rebenta dos olhos.
Já não há amor, nem estrada...