Esporádico

As vezes, somente as vezes,

O meu eu desprecavido

Mistura-se a poesia,

E me é tanta agonia,

Que mal sei, o que sou eu,

o que é ela: a poesia.

A vezes, a noite, poucas vezes,

Galgando a solidão de não ter sol,

Inda que num abraço, lampejo,

Diz amá-lo eternamente,

Deixando-o assim num beijo,

Que logo o descansa,

Para então precocemente,

Despertar...

As vezes, muitas vezes,

A dor dar-se enodoada

E de pouco me vale a água,

Que se derrama,

Se rebenta dos olhos.

Já não há amor, nem estrada...

Junior Antonio
Enviado por Junior Antonio em 20/02/2008
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