MORMAÇO
MORMAÇO
Longas sombras nas tardes que declinam,
Se projetam quais riscos emanados,
Das raras árvores dos grandes descampados
Como cordas de harpas que se afinam,
Ensaiando os acordes que lhe ensinam
..........................Os ventos dos lavrados.
Dos buritis, as palmas em bailados,
No mesmo ritmo movem-se.... e em danças,
Como se fossem bandos de crianças,
Se requebram os capins empendoados,
E os raios do sol são projetados
Estimulando ali doces lembranças.
As nuvens já de róseo decoradas,
Num efeito de cores transcendentes,
Vão formando desenhos diferentes,
Enquanto são nos ventos transportadas,
E nos buritizais, das águas estagnadas
Sobem emanações de humores quentes.
E o mormaço da tarde induz na gente,
Raras madorras que ao corpo dominam,
E os ciciares da brisa nos ensinam,
Doces canções de amor, que com carinhos,
Acompanham o cantar dos passarinhos,
Que em acordes e pipilos, cantam e trinam.
Eu adoro tudo isto que descrevo,
Pois que atou-me a alma como um laço,
E são para mim motivos de enlevo
Quando as descrevo nos versos faço,
Amo todas estas coisas, e também devo
Amar as suas tardes e o seu mormaço.