Sou

Sou um poeta melancólico

Falo de morte

como quem fala de flores

como quem vê num velho quadro

a profusão de belas cores

Sou um poeta depressivo

Falo de dor

como se a dor fosse o point do momento

como se nada mais houvesse

que ais e torturas e lamentos

Sou um poeta antiquado

Falo de amor

como se fosse letal febre

como se, num carinho mais ousado

o mesmo amor fatal se alquebre

Sou um poeta estressado

Falo de poesia

como se eu fosse um literato verdadeiro

como se eu estivesse prestes a morrer

e fosse apenas o poema meu herdeiro.

Bhall Marcos
Enviado por Bhall Marcos em 31/01/2008
Código do texto: T840422