Sou
Sou um poeta melancólico
Falo de morte
como quem fala de flores
como quem vê num velho quadro
a profusão de belas cores
Sou um poeta depressivo
Falo de dor
como se a dor fosse o point do momento
como se nada mais houvesse
que ais e torturas e lamentos
Sou um poeta antiquado
Falo de amor
como se fosse letal febre
como se, num carinho mais ousado
o mesmo amor fatal se alquebre
Sou um poeta estressado
Falo de poesia
como se eu fosse um literato verdadeiro
como se eu estivesse prestes a morrer
e fosse apenas o poema meu herdeiro.