O Horizonte perdido do Pássaro

O Horizonte perdido do Pássaro

O pássaro engaiolado há mais de sete anos,

Sete longos anos,.

Um certo dia,

Seu carcereiro esqueceu acidentalmente a portinha da gaiola aberta.

O pássaro olhou, olhou novamente

como se não visse nada de novo ali,

Pulou de um lado para o outro na gaiola,

Contudo não fugiu,

A porta de sua liberdade bem a sua frente,

E ele não escapou. Por que?

Habituado, acostumado, institucionalizado a ser e a estar engaiolado.

Para o pássaro, o horizonte de sua liberdade já não existe mais;

Talvez seja mais seguro a segurança transmitida pela gaiola,

A segurança confortante do lar, das igrejas, do trabalho, do casamento,

Sempre presos para se sentir mais protegidos e seguros,

Uma pseudo-estabilidade emocional e material.

O medo de ir mais além,

Derrubar estas ruínas que denominados de Civilização,

E a reconstruir segundo novos alicerces.

A multiciplicidade do meu ser!

_ O que vocês querem comigo?

Eu não vou machucar ninguém,

Não vou ouvi-los,

Ninguém tem culpa dos dilemas interiores em que eu próprio me afogo.

Superar a Lei,

Estar acima de tudo,

Estar no trono do universo,

E todos os bípedes simiescos aos meus pés.

Vossa adoração é interesseira e falsa,

Assim como tudo que se expele de vossos corpos.

Megalomania?

Como odeio conviver com essa ralé inepta e estulta,

Ralé que finge lê livros para se mostrarem inteligentes.

Odeio-os por completo,

Ajoelhando-se perante a Lei e o governo que os oprime e os rouba,

Raça patética de humanos domesticados

Pelos grilhões dos sistemas que os aprisionam,

Beijando os pés da “Verdade” em sinal de fé e reverência.

Típica postura comportamental de escravos.

Odeio essa fraqueza humana em se apegar a um outro ser humano,

Tais seres não dispõem de energia e de calor interno suficiente para serem livres,

O universo está inserido em cada célula do meu corpo.

EU sou nós,

NÓS somos eu,

E cada parte de mim é um ser completamente diferente do todo que compõe meu EU.

“Querem nos curar?”

Eles próprios fingem estar bem.

Os olhares das criancinhas assassinadas pela minha indiferença,

Rasgando a pele de minha alma.

O lago do desespero reside no pensar.

O Horizonte perdido do pássaro pode ser re-descoberto.

gilliard alves

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 25/01/2008
Reeditado em 29/01/2008
Código do texto: T832227
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