SOB A INDOLÊNCIA DA LUA
Anelo colher o embevecer escondido
Nos jardins dos corações humanos,
Mas o que vislumbro senão angústia,
Desespero, dor?
Que é da ternura e da rosa do amor?
Transformaram-se em semente de ódio?
Céus! Oh, não!
Clamo aos gritos insólitos e
lamento em altos brados.
Por que?
Desespero, medo do desconhecido. Meu ego!
Não quero, não preciso, não anseio,
Eu amo! Sim, por favor, eu amo...!
E tanto amo mais que tudo quanto temo o menos nada
E sofro, me desencontro, temo o não poder ser nem ter.
Quero abraçar o pôr do sol iminente,
Mas ouço gritos agônicos súbitos
Não são da vida, mas da morte
Oh, não!
Abundância de flores
Odores, fragrâncias
Jardins encantados
Contudo...explosões
Tiros, clamores...
Socorro!! O medo, o medo!
O lamento de uma mãe afogueada,
O ocaso que desperta a flor noturna.
Cai o manto da noite!
Arremedo.
Orgasmos que começam, sussurros
Entre lençóis, camas desarrumadas
Noite cosmopolita.
Sob a indolência da lua
Sob o indiferente olhar das estrelas
Tendo por testemunha a cumplicidade
Dos covardes e seus temores.
Todos somos, a um só tempo, um tanto culpados
Um tanto inocentes... talvez ingênuos
Mesmo os simplórios.
Só depende para que lado pende o coração