UM DIA DE PREGUIÇA
(Sócrates Di Lima)
Estou á beira da estrada,
Esperando tudo, ou talvez nada.,
Aqui tem uma árvore assombradada,
Ali atrás, há uma fonte de água cristalizada.
Estou tranqüilo, só observando quem passa,
Quem sabe numa dessa descontraída passagem,
Ela passe despreocupada e cheia de graça,
E eu a arrebate nos meus braços numa sutil abordagem.
Estou absolto na minha tranqüilidade,
Paz, amor e água fresca.,
Nada me preocupa, nem uma fatalidade,
De ela passar e sem perceber a perca.
A tarde é bela, o céu azul ensolarado,
È caminho dos pássaros que gorjeiam.,
Alguns me olham com olhar desconfiado,
Mas nem ligo, estou zen e eles bobeiam.
É um dia atípico, tirei-o para me descontrair,
Um dia que eu deixei a preguiça me dominar.,
Nem quero saber da vida para não me sucumbir,
Quero hoje, apenas de olhos abertos, sonhar.
Podem me chamar de louco varrido,
Não tenho a menor preocupação.,
O que importa é o que eu tenho decidido,
Curtir este dia como um dia de contemplação.
Quero contemplar a natureza,
Beber água fria da fonte limpa.,
Vestir-me do manto da pureza,
Que a natureza e a vida querem que eu sinta.
Não me importa o que pensam,
Eu faço o que eu quero, sou livre, leve e solto.,
Obedeço a regras, tratados, e leis que me pesam,
Mas sou livre, tenho direito a ser absolto.
Já tenho corrente demais na minha lida,
Posso perfeitamente me livrar de alguma.,
E dessa quero que seja despercebida,
Para que eu viva minha vontade, uma a uma.
Quero esquecer os meus amargos dilemas,
Minha dívidas, os credores que esperem!
Eu espero os meus, sem problemas!
Então, para que esperar que os problemas me enterrem!
E se alguma mulher ouvir o meu chamado,
E quiser vir aqui me fazer companhia.,
Vai entender que sou um enamorado,
Da natureza, do amor, da poesia e da vida de cada dia.