A Última Aurora!

Nas sombras frias da noite aveludada,

Sussurram os ventos memórias tardias,

Lágrimas em véus de prata, calada,

A lua sangrando em saudades vazias.

Oh, Morte, doce amante das almas,

Que em teu abraço finda-se a dor,

Teus lábios selam as ânsias mais calmas,

Beijando o coração, cessando o clamor.

Por que temer-te, se és libertação,

Se és o descanso na estrada deserta?

É nos teus braços que a paixão

Transforma a lágrima em paz desperta.

Venha, envolva-me em teu manto escuro,

Onde o tempo não se atreve a passar,

Pois nos teus olhos eu vejo um futuro,

Onde o sofrer deixa de respirar.

No féretro de flores murchas repouso,

Deitado em silêncio, sem ânsia ou espanto,

E na eternidade encontro-me ditoso,

Enquanto a noite chora um canto.

Deixe-me ir contigo, ó dama tão fria,

Que na despedida há o doce alívio;

Na tua escuridão, nasce a poesia,

No teu adeus, o amor torna-se cativo.

Guinamax

Guinamax e Luciana de Nadai
Enviado por Guinamax em 09/12/2024
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