Saudade do matão
Chove, pinga e escorregam
Gotas miúdas como orvalho frio
Escorrem, molham e regam
E correm em direção ao rio
Ao cheiro de terra molhada
A natureza exuberante responde:
Solo repleto de frutas e legumes
Carinhosamente gerados em seu colo
Quanta chuva e fartura,
Milho verde, maxixe e coalhada
Cantiga de ninar a criançada
Pingos sonoros no telhado...
Árvores enfolharadas
Abrigam pássaros cantores
Que em sinfônica alvorada
Saúdam a aurora com louvores
E assim, dezenas e centenas
De pássaros canoros
Nos mais diversos galhos
Despertam o camponês para o trabalho
À noite a lua enamorada
Foge da nuvem e vai ao regato
Beija lascivamente as águas do rio
E envergonhada se esconde no mato.