A Dança
Andava caminhando pela rua,
Chutando as poças de água,
Iluminadas pelo toque do luar,
Em uma noite sem estrelas,
Havia uma melodia bem distante,
Talvez um saxofone fluindo um jazz,
Um piano bem afinado em suas teclas,
Um violão arqueando as cordas de aço,
Que fez seus lábios sorrirem,
Lembranças de tempos antigos,
Enquanto seus pés ritmados,
Começaram a se mover na calçada da vida,
Sapatear como se o asfalto fosse palco,
E assim girando na performance,
Sem plateia, sem aplausos, sem holofotes,
Deixando o som inundar a alma,
Aquelas notas musicais profundas,
Batidas de um coração emocionado,
Expressando uma sensibilidade solitária,
No sopro do universo a bailar,
Convertendo-se em um personagem,
De um conto ou crônica perdida,
Sem contestações ou complexidades,
Nas sombras de um silêncio infinito,
E vá, vá assim na leveza do momento,
Os olhos fechados sem se importar,
Com o tempo cronológico no relógio,
Buscando viver o sonho acordado,
Barishnikovy de uma avenida vazia,
Seu corpo tornou-se uma cadência
Ocupada com os sentidos norte e sul,
Saltos e deslizes coreografados,
Transpondo uma paixão artística,
Até sua respiração cansar e pausar,
Último ato de um início, meio e fim,
Se desdobrando em uma singela dança...